Celebridades
Jorge Ben Jor: 'Minha geração não entendeu'
O cantor fala sobre o sucesso com jovens e inovação na MPB
"Eu misturava jazz, rock, coloquei baixo elétrico com uma bateria forte, mas os críticos reclamavam. Só Caetano e Tim me entenderam"
Jorge Ben Jor
O veterano Jorge Ben Jor – que tornou-se conhecido nos anos 60 com hits como Mas que Nada, Por Causa de Você Menina, Zazueira, País Tropical e Que Pena – se apresentou na noite de sábado em São Paulo e manteve o pique durante uma hora e meia de show para um público com idade média de 20 e poucos anos. Cantando as mesmas músicas que o fizeram passar ileso pelas idas e vindas dos modismos musicais das últimas décadas, ele mantém público fiel entre os jovens, que acompanham todas as letras com a animação de quem conhece a fundo a obra do ídolo.
Talvez pela convivência com os fãs, Jorge Ben Jor mantém a euforia e algumas gírias da juventude, mas tem repulsa por certos hábitos bem comuns nessa faixa etária. “Em seu camarim não pode entrar uma gota de álcool e ele fecha a cara se vir alguém fumando”, comenta um assistente do cantor. “Ele odeia cigarro e bebida, ninguém chega perto dele com isso”. Após a apresentação, o músico disse a VEJA.com que tem um certo rancor do público do seu tempo de início de carreira e garantiu que, até o fim do ano, lançará um novo álbum com músicas inéditas.
Por que você acha que, mesmo tocando as músicas do início da sua carreira, você continua fazendo shows e sendo lembrado, principalmente pelos jovens?
Gosto de ver que meu público com 15, 16 anos gosta das músicas de 30, 40 anos atrás. Minha geração não entendeu meu som. Eu misturava jazz, rock, coloquei baixo elétrico com uma bateria forte, mas os críticos reclamavam. Só o Caetano Veloso e o síndico [Tim Maia, a quem ele dedicou algumas músicas] me entenderam. Ele [Tim] me ligava 3, 4 horas da manhã para eu cantar uma música para ele.
E você se incomodava com essa rejeição da crítica?
Sempre fiz músicas alegres, com histórias rápidas, poesia leve e final feliz. No tempo em que quebravam discos na TV, quebraram o África Brasil e o Samba Esquema Novo no ar. Mas depois de 15 anos eu ganhei prêmio nos Estados Unidos pelo África e o Samba ficou em 22º entre os 100 melhores de lá. A crítica não gostou de várias músicas minhas na época, mas elas continuam aí. Falaram mal quando eu falei de alquimia pela primeira vez, mas eu estudei o assunto, estudo ainda, sei o que estou falando.
Você acha que ainda tem espaço para inovação na música brasileira?
Já está tendo muito espaço, tem muitos compositores novos fazendo muita coisa boa. O Max de Castro e o Fred Zero Quatro [da banda Mundo Livre S/A], por exemplo, fazem músicas que só vão ser entendidas daqui a dez, quinze anos e todos vão reconhecer. Por isso, me vejo neles.
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